Klopfzeichen é o marco inaugural do Kluster, um projeto ousado e profundamente experimental, formado por três mentes brilhantes que ajudaram a moldar os caminhos da música eletrônica. Cada um dos integrantes — Conrad Schnitzler, Hans-Joachim Roedelius e Dieter Moebius — trouxe uma bagagem única e essencial para a criação deste disco que ainda hoje soa desafiador, sombrio e fascinante.
Conrad Schnitzler participou do primeiro álbum do Tangerine Dream, fundou o Eruption — outra pérola do Krautrock, com apenas um disco lançado — e mais tarde seguiu uma carreira solo prolífica, deixando um legado imenso para a cena eletrônica alemã dos anos 70. Sua abordagem radical e visionária ajudou a expandir os limites do som e da forma.
Hans-Joachim Roedelius, um verdadeiro ídolo pessoal (e infelizmente ainda pouco conhecido do grande público), foi figura chave no surgimento do movimento eletrônico/ambiental na Alemanha. Além de integrar o Kluster, foi um dos fundadores do lendário Zodiak Free Arts Lab, centro nevrálgico da música experimental em Berlim, criado em 1969. Por lá passaram nomes fundamentais como Ash Ra Tempel, Agitation Free, Curly Curve e o próprio Tangerine Dream. Roedelius é também um dos precursores da ambient music, sendo reverenciado até hoje por suas obras solistas e colaborações.
Dieter Moebius, outro gigante silencioso, também desempenhou um papel crucial na ascensão do Krautrock. Ao lado de Roedelius, fundou em 1974 a maravilhosa Harmonia, grupo que contou com a presença iluminada de Michael Rother, ex-Neu! e Kraftwerk. Moebius ainda colaborou com nomes como Conny Plank e Mani Neumeier (Guru Guru) em diversas explorações sonoras no universo da ambient e da música eletrônica experimental.
Assim como sua capa minimalista e misteriosa, Klopfzeichen entrega uma experiência sonora densa, livre de melodias convencionais ou ritmos definidos. A faixa de abertura é particularmente marcante: uma espécie de oração recitada em alemão por uma voz feminina inquietante, quase demoníaca — que mais tarde também aparece no disco do Eruption, ao lado de Schnitzler.
O nome Kluster foi usado até meados de 1971, quando Schnitzler deixou o grupo. A dupla restante — Moebius e Roedelius — passou a assinar como Cluster, agora com a colaboração decisiva de Conny Plank na produção. Essa nova fase rendeu nada menos que oito discos de estúdio, encerrando a trajetória com um último álbum em 2009.
TRACKS:
1. Klopfzeichen, Pt. 1
2. Klopfzeichen, Pt. 2
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