Liliental foi um projeto paralelo liderado por Dieter Moebius (Cluster), que buscava expandir os horizontes da música eletrônica para territórios ainda mais experimentais. Para isso, Moebius recrutou dois integrantes do Kraan: o virtuoso baixista Helmut Hattler e o talentoso saxofonista e flautista Johannes Pappert. A esse time de peso somou-se ninguém menos que Conny Plank, lendário engenheiro de som e produtor, cujas mãos moldaram a sonoridade de bandas icônicas do Krautrock, como Neu!, Can, Harmonia e Kraftwerk.
A proposta do Liliental era criar uma experiência sonora imersiva e atmosférica, fundindo guitarras distorcidas a belas passagens de sintetizadores e instrumentos de sopro, com um uso minimalista de percussão. Esse conceito remete diretamente à fase áurea do próprio Cluster, mas com um toque de exotismo que confere uma identidade única ao projeto.
O álbum, lançado pelo selo Brain em 1978, é uma verdadeira tapeçaria de pequenas melodias, onde cada peça parece desenhar paisagens sonoras abstratas. O disco transita entre momentos de suavidade etérea e passagens sombrias, evocando um senso de mistério que poucos registros do gênero conseguem alcançar. Em diversas faixas, a sensação é quase cinematográfica, como se estivéssemos diante da trilha sonora de um filme experimental nunca realizado.
Um dos aspectos mais curiosos desse álbum é a ausência de Brian Eno. Ouvir Liliental é, em muitos momentos, remeter-se imediatamente à sua parceria com o Cluster em 1977, no magnífico "Cluster & Eno", um trabalho que ajudou a consolidar os alicerces da Ambient Music. Dado o histórico colaborativo de Eno com os músicos envolvidos, sua não participação nesse projeto soa, no mínimo, intrigante. Afinal, a proposta do Liliental se alinha perfeitamente com a estética ambient que ele ajudou a definir.
Devido ao caráter experimental e ao fato de ser um projeto mais pessoal de Moebius, o disco teve uma tiragem limitada em vinil na época de seu lançamento. Felizmente, a Universal Music relançou uma edição japonesa em Digipack em 2007, tornando essa obra-prima mais acessível a colecionadores e admiradores do Krautrock. Hoje, com um pouco de pesquisa, ainda é possível encontrar cópias disponíveis para compra na internet.
Ter esse registro em mãos é como possuir uma joia rara do underground eletrônico alemão. Para os fãs de Cluster, Harmonia e das vertentes mais atmosféricas do Krautrock, Liliental é uma audição obrigatória. Um verdadeiro achado para aqueles que buscam sonoridades inovadoras e atemporais.
TRACKS:
1. Stresemannstrasse
2. Adel
3. Wattwurm
4. Vielharmonie
5. Gebremster Schaum
6. Nachsaison
Muchas gracias, amiga, por este buen disco. Saludos afectuosos.
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