domingo, 16 de junho de 2013

[RESENHA] LADY LIKE & BY THE POUND - 15 DE JUNHO 2013 - TEATRO DOM SILVÉRIO



Neste 15 de Junho nos deleitamos com uma noite alucinante de duas grandiosas apresentações de Rock Progressivo que ficará guardada na memória de muitos que estavam por lá. Muitos dos presentes vindos de vários cantos do interior de Minas, amigos vindos do Rio e ilustres fãs do gênero que se emocionaram e vibraram muito a cada música tocada. 

O Teatro Dom Silvério surpreendeu quanto a organização, parte técnica, som espetacular,  iluminação impecável e muito condizente ao conceito apresentado pelas excelentes bandas que executaram de forma magistral cada melodia com perfeição absoluta.
Fotos Lady Like por  Lucas Scarascia


A abertura ficou por conta da banda Lady Like que trouxe canções próprias, com belas passagens de guitarra e arranjos desconcertantes de teclado que por hora simulava um piano em alto e perfeito tom. 
Para colorir ainda mais essa bela apresentação, tivemos a grande honra de ter como anfitriã a linda e simpática Tânia Braz, dona de uma voz macia e deveras cativante que arrancou lágrimas de muito marmanjo em suas releituras que marcaram a carreira do Renaissance. 

Foi um espetáculo a parte poder ouvir e ver de perto versões deslumbrantes de "Carpet Of The Sun" e "Ashes Are Burning", esta última me arrancou lágrimas em seus quase doze minutos de duração. Execução limpa, perfeita, redonda! Sem defeitos! Se fechasse os olhos poderia ver com clareza o Renaissance na minha frente.



Tânia Braz está sim no mesmo patamar das deusas do Progressivo mundial. Annie Haslam e Sonja Kristina ficariam muito orgulhosas pelo talento, competência, perfeita timbragem de voz e, principalmente, pelo carisma e energia contagiantes que essa moça passa a todo público. Além da simpatia e humildade que fez com que a noite fosse ainda mais especial.

(Esperamos ansiosos por mais espetáculos como esse e, com certeza muitos de nós, também aguardamos com imensa expectativa o real retorno do Arion com um show pra quebrar tudo em BH!)  



Fotos By The Pound por Gustavo Menezes
O segundo e perfeito show da noite ficou por conta dos meninos do By The Pound que, reescreveram com maestria, os áureos tempos de uma banda mais que essencial para a acensão do progressivo britânico durante a década de 70. O Genesis entre os anos de 1970 e 1975 criou espetáculos grandiosos, com efeitos especiais além do seu tempo e com apresentações impecáveis de grande impacto cênico.  

A banda adentrou ao palco a luz baixa beirando uma atmosfera de trevas com a deslumbrante introdução de um poderoso Mellotron em "Watcher Of The Skies", perfeitamente conduzida pelo exímio tecladista André Boechat. Por essa primeira música, apenas uma noção pairava dentro do teatro ao que estava por vir nas próximas duas horas. 

Em seguida, veio a deliciosa "Can-Utility and the Coastliners"  introduzida  pela bela e competente voz de Ricardo Righi  que foi um verdadeiro maestro durante toda a apresentação. As mudanças constantes de figurino fez com que sua  incrível presença de palco se destacasse ainda mais, além interagir de forma cativante com o público presente. Carisma e competência são sinônimos desse cara que é um baita profissional. Batalhador, muito talentoso, trabalha pra burro e vive com a agenda lotada mas ainda sim arruma um tempinho para se dedicar a essa paixão que pra ele não tem preço.  

"Cinema Show" foi meio que uma sensação de "nó na garganta".   A bela introdução ficou por conta de duas atrizes e guerreiras,  Alessandra Carneiro e Silvia Góes fazendo uma linda performance de Romeu e Julieta, tema central da música em questão. Mais uma vez, Boechat executou com perfeição os solos de Moog, Hammond e Mellotron que fechou a música deixando todos meio que não acreditando naquilo que estavam vendo. Técnica e timbragens impecáveis que ressonavam no teatro como se fosse uma espécie de orquestra. Coisa linda demais! 

A beleza da execução de "Dancing With The Moonlit Knight" me arrancou lágrimas do começo ao fim.  Essa pra mim é uma das mais lindas canções de todos os tempos e poder vê-la ao vivo em um espetáculo como esse foi mais que uma realização pessoal, foi mesmo um sonho realizado presenciar esses meninos tocando em um teatro de forma descente  com bons equipamentos, produção artística impecável, iluminação digna e a excelente parte acústica e técnica do Teatro Dom Silvério que ajudou ainda mais para que tudo corresse na mais perfeita ordem. 

"Get 'Em Out By Friday" foi um tanto marcante durante a apresentação com a aparição de Alessandra Carneiro em uma linda fantasia, acompanhada de uma bela máscara de pantaleão jogando moedas douradas para o público como encenação a crítica social sobre a ganância corporativa de imóveis privados no Reino Unido durante a década de 70.  Sem deixar de destacar a alternância e o reverb nas timbragens de voz de Righi encorporando os personagens centrais da música e as belíssimas passagens de flauta executadas pelo competente multi-instrumentista Hique Guerra que além de flautista, dedilha brilhantemente as passagens de violão de 12 cordas em algumas músicas com uma técnica profissional invejável! 

Na sequência veio todo o peso de "The Battle Of Epping Forest" conduzida bela bateria nervosa de Fernando Nigro dando um peso essencial para execução da música que destaca mais os fortes solos de Moog mesclados as rápidas e excelentes passagens de bateria. Fernando toca bateria desde que se entende por gente e é um músico muito técnico e bastante respeitado na cena progressiva mineira.

A última parte do show ficou por conta de uma dobradinha que mata do coração qualquer fã descente de Genesis. "Musical Box" e "Supper´s "Ready" foram o verdadeiro ápice da noite em execuções impecáveis e com todo o aparato necessário digno das apresentações ao vivo que o próprio Genesis fazia no auge de sua trajetória em 1973. 
Personagens como Henry (em forma de boneco), a maldosa Cynthia (Alessandra Carneiro) e a raposa (Sílvia Góes) roubaram a cena em momentos marcantes da apresentação.

"Supper´s Ready" certamente foi o momento mais esperado por todos os presentes. Execução impecável de uma das faixas mais difíceis e complexas do gênero progressivo sendo introduzida pela bela performance da excêntrica raposa que fez com que o público se retorcesse na cadeira a espera de um grande momento! 
E foi mesmo um grande sonho poder assistir ali, com uma visão panorâmica do palco, todos os movimentos dos músicos  e a dinâmica de cada instrumento tocado. 
Um bom exemplo disso foi poder ver os solos mirabolantes e muito técnicos extraídos da Les Paul do "monstro" Yuri Lopes e ao mesmo tempo poder ver cada troca de pedal e efeitos que ele fazia em movimentos muito precisos. Coisa de gênio! 
A verdadeira base da banda ficou por conta das mãos e dos pés de Davi Aroeira Kacowicz que mostrou toda a potência e qualidade que só um baixo Rickenbacker pode proporcionar a uma banda de progressivo. Durante  o decorrer do show, Davi destilou toda sua técnica pisando fundo mas com todo cuidado no Taurus que aparecia meio tímido no palco mas que ressonava com toda sua força e beleza pelo teatro. Quando pegava na viola sabia-se que algo grandioso estava por vir, afinal tirar essas músicas de ouvido sem nem usar partitura é coisa de gente corajosa e muito dedicada.



Sou suspeita para falar dessa banda a qual tenho um enorme carinho e respeito que, certamente, hoje em dia está entre as mais importantes do cenário progressivo brasileiro. Por onde passam esses meninos são ovacionados por um público saudoso, carente da boa música e de bons shows que somente o Rock Progressivo pode nos oferecer. 

Além da banda, cada um tem sua vida, trabalham demais em outros projetos mas ainda sim dedicam parte de seu tempo, as vezes cansados, para que tudo saia na mais perfeita ordem.

Acompanhei muito de perto o crescimento do By The Pound no decorrer dos anos e posso afirmar que a banda surgiu a partir de muito trabalho, dedicação, estudo, investimento financeiro em instrumentos de alta qualidade, longos ensaios, medo de não dar certo, noites em claro preparando a mão os figurinos que são exibidos durante as apresentações e vários outros fatores que hoje em dia esses meninos olham pra trás e dizem: "Sim, valeu a pena!"



Não posso nunca deixar de agradecer as duas bandas que gentilmente citaram meu nome durante as apresentações. Pra mim, foi mais que uma surpresa e sim o reconhecimento de um trabalho ao qual me orgulho muito. Vindo de vocês foi uma honra a qual levarei para sempre na minha árdua trajetória que é sempre manter a qualidade das postagens em um site que aborda com muito cuidado e dedicação esse complexo gênero musical. 

Finalizo essa resenha agradecendo imensamente ao querido amigo Cláudio Varanda, responsável por todo o evento e por ainda acreditar no progressivo nacional promovendo shows de extrema qualidade. São pessoas como você que trazem a tona um gênero musical idolatrado por um público carente de coisas boas, de música de qualidade e de belos shows como os de ontem a noite.  
Esperamos ansiosos por um próximo projeto!


Obrigada a todos!


Luciana Aun


3 comentários:

  1. Luciana,

    Os dois Concertos foram incríveis, em um ambiente igualmente incrível, portanto a sensação de ter estado lá, é a melhor possível.....

    Tudo deu certo, o som, a luz, a visão do palco e lógico, a performance das duas bandas......

    Um clima Familiar maior do que aquele, impossível.....

    Do netinho ao vovô, todos se divertiram muito....

    Sua resenha, fantástica como sempre.....

    Abraços,

    Gustavo

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  2. E, mais uma vez... ótima resenha, Aun!
    Retrata o surpreendente show de forma emocionada, porém honesta.
    Meus parabéns! Vida longa ao progrockBH!
    Beijão

    Ass: Crist Hort

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  3. Belo depoimento..deu vontade de estar lá!!Parabéns!!
    André Mello
    (tecladista - Tempus Fugit)

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