domingo, 17 de março de 2013

IAN ANDERSON - PALÁCIO DAS ARTES - BELO HORIZONTE - 15 DE MARÇO DE 2013



O Palácio das Artes mais uma vez abriu seu grande teatro para o Rock Progressivo de forma magistral, recebendo de braços abertos Ian Anderson acompanhado de sua excelente e excêntrica banda.

O público que lotou o Palácio na noite de sexta era um tanto variado. Víamos desde jovens e senhores, pais e filhos, irmãos e irmãs, casais e até mesmo alguns solitários assim como essa que vos fala. Durante o show, me peguei olhando para os lados e pude perceber que, todos ali presentes, sem exceção, se encontravam extasiados e boquiabertos. Alguns nem se quer piscavam diante àqueles monstros que conseguiram hipnotizar de certa forma todos os presentes por quase duas horas.

Diferente da habitual pontualidade britânica, a banda se atrasou alguns poucos minutos que foram quase imperceptíveis ao público. A introdução ficou por conta de alguns bem-humorados atores/assistentes de palco, devidamente uniformizados, que interagiam com o público enquanto acertavam os últimos detalhes.

A primeira parte da apresentação foi a impecável execução de mais ou menos cinquenta minutos do álbum conceitual Thick As A Brick lançado pelo Jethro Tull em 1972. 
O que mais me impressionou foi o fato de que Anderson conseguiu estabelecer seu maravilhoso timbre de voz perfeitamente encaixado ao que era 40 anos atrás, mantendo ainda mais a originalidade daquele show que entoava seus primeiros minutos.

O que via diante de meus olhos era um show bastante denso, vindo de um disco conceitual idolatrado pela maioria dos presentes e sem todo aquele aparato de equipamentos complexos e efeitos visuais mirabolantes.
Thick As A Brick foi executada da forma mais natural possível musicalmente falando. Muito me preocupava a falta do nome "Jethro Tull" nesse show mas os músicos ali presentes acompanhando Anderson deram um show a parte surpreendendo todos ali presentes.
Alguns deles já estiveram com o Jethro em algumas tours mas o destaque da noite ficou por conta do ator e excelente vocalista inglês Ryan O´Donnell que representou muito bem a figura central do disco, Gerald Bostock. Além de um excelente intérprete, O´Donnell também possui uma timbragem de voz bastante condizente ao tom alcançado por Anderson, fato esse que se impressiona as vezes.

Um outro músico que merece meu destaque é o jovem guitarrista alemão "monstro" Florian Opahle que roubou a cena em variados momentos do show. Sua técnica bastante precisa surpreendeu até mesmo Martin Barre durante uma tour do Jethro pela Europa. Além disso, Opahle já dividiu os palcos com Greg Lake e chegou a participar de um  Workshop com nada menos que Al Di Meola.
Só podia ser alemão!

Apesar de não tocar nem campainha, sou completamente fascinada por teclados e órgãos em seus mais derivados tipos. Portanto, devo dizer que os timbres de Hammond e Piano extraídos de dois teclados Roland conduzidos pelo já velho conhecido John Ohara estavam simplesmente maravilhosos e muito condizentes ao que o Jethro usava na época em equipamentos analógicos e nem tão modernos quantos os de hoje. 

No último suspiro da primeira parte da apresentação, Anderson anuncia uma pausa de quinze minutos para que pudéssemos nos recompor do que tínhamos acabado de presenciar. Durante esse intervalo foi lindo ouvir os comentários vindos do público. Pessoas maravilhadas com o que tinham acabado de ver e ouvir, alguns senhores visivelmente emocionados por terem a sensação de voltar a uma época onde tudo era mais mágico e possível, um tempo onde o Rock Progressivo fazia parte de suas vidas. 
Jovens músicos abismados com a técnica e simpatia com que Anderson emanava no decorrer da apresentação. Fãs que carregavam seus discos de vinil, jornais e outros materiais pelos corredores na esperança de um simples mas muito bem vindo autógrafo.
Mulheres e seus comentários no banheiro sobre como Anderson estava bonito com o passar dos anos sem aquela cabeleira e sua enorme barba que, de certa forma, escondia sua beleza e jovialidade.

A tão esperada segunda parte da apresentação veio também com a execução na íntegra de Thick As A Brick 2 que maravilhou todos os presentes. Mais uma vez, a estória gira em torno de Bostock só que 40 anos depois.

O que dizer de um disco conceitual de Rock Progressivo lançado em pleno ano de 2012?
As vezes tenho a nítida sensação de que se trata de uma linda Ópera Rock lançada no auge dos anos 70. Apesar de se tratar de uma obra inédita o disco soa bem familiar aos ouvidos dos fãs mais enérgicos nos passando uma impressão de se tratar de uma continuação lançada pelo próprio Jethro Tull. Simplesmente magnífico!

Após a bela execução de TAB2, a banda retorna ao palco para um único e essencial bis da excelente música Locomotive Breath que fez o teatro ir abaixo! O público de pé acompanhou em coro a letra juntamente com Anderson que se encontrava visivelmente satisfeito pelo belíssimo show que ele e sua banda acabara de fazer.

Tenho absoluta certeza de que 100% dos presentes que lotaram o Palácio das Artes na noite dessa sexta saíram plenamente satisfeitos com o grande espetáculo que ali presenciaram. Sabe-se com certeza de que BH dormiu mais feliz com a passagem de Anderson por aqui.

Posso dizer que me sinto um tanto realizada por ter tido o privilégio de assistir da primeira fila a execução na íntegra de um disco que marcou lindas passagens da minha vida. Esse dia 15 de Março ficará guardado pra sempre na minha memória.

E que venham mais espetáculos como esse para BH! O público dessa esquecida cidade merece mais shows dessas sensacionais bandas de Rock Progressivo. 

Obrigada a todos, 

Luciana Aun

MAIS FOTOS AQUI!

Todas as fotos contidas nessa postagem foram tiradas por mim na noite de ontem. Peço desculpas pela má qualidade, a câmera não ajudou em nada!

4 comentários:

  1. Luciana, ótimo post. Obrigado por compartilhar suas impressões e experiência deste show... aliás para meu sofrimento porque sou de BH e perdi!

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  2. Obrigada Rodrigo por ter sido o único a se pronunciar!
    Apareça sempre que puder.
    Um abraço.

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  3. Excelente, Lu! Você traduziu perfeitamente em palavras aquele belo show... Parabésn!

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  4. Parabens pelo texto, foi exatamente o que vi no show aqui em Sampa.

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